Abstract:
A AMA (Assistência Médica Ambulatorial) foi a estratégia criada pelo município de
São Paulo para ampliar o acesso dos pacientes que necessitam de atendimento imediato. Em sua trajetória, de 2005 a 2013, a rotina da AMA é alvo de discussões que deixam sua proposta de trabalho questionável, o que leva a necessidade de estudo e compreensão sobre seu impacto na demanda e rede de atenção. O objetivo principal dessa pesquisa foi o de realizar uma análise da distribuição da demanda dos atendimentos médicos realizados na AMA, UBS e PS no município de São Paulo, em especial na Supervisão Técnica de Saúde Freguesia do Ó e Brasilândia (STS Fó/Bras). Por meio da pesquisa descritiva exploratória e utilizando os dados do SIA (Sistema de Informação Ambulatorial), fichas de atendimento e, relatórios de serviços e frequência, foi possível analisar o perfil dos pacientes que utilizam a AMA e como estes estão inseridos em relação ao acompanhamento pela rede de assistência. Observou-se
que de 2002 a 2013 houve redução de 30% dos atendimentos realizados pela UBS (unidade básica de saúde), aumento e posterior estabilização do número de atendimentos médicos prestados pela AMA e, redução inicial (2005) e posterior aumento (após 2011) no número de atendimentos em PS (pronto-socorro). O mesmo foi observado na STS Fó/Bras. Também foram analisadas 156 fichas de atendimento, onde pôde-se notar que 91,7% dos pacientes que foram atendidos na AMA correspondem aos objetivos deste equipamento. Porém, 81,4% destes pacientes necessitam de acompanhamento externo, sendo que 22% não estão acompanhados por nenhum estabelecimento de saúde. Tecendo uma análise frente a portaria 1101/MS de 2011, 85% dos pacientes tiveram acesso a mais de 2 consultas/ano na AMA e 71,2% dos pacientes a 1 consulta/ano na UBS, caracterizando maior utilização da AMA em
relação a UBS. Concluiu-se que a AMA aumentou a oferta de consultas no município de São Paulo e favoreceu o acesso do paciente ao sistema. Porém, a deficiente articulação da rede de atenção, associada a falta de conhecimento da população sobre qual equipamento utilizar, pode comprometer significativamente a promoção e acompanhamento de saúde. O estudo subsidiou a análise do sistema de saúde do município de São Paulo, antes e após a inclusão das AMAs na rede de atenção e fomenta para que novos estudos sejam realizados sobre o tema.