Abstract:
Os rankings têm sido considerados como uma das escolhas importantes para auxiliarem as Escolas de Negócio (EN) em conseguir reconhecimento internacional e nacional. Para melhor entender este fenômeno, pretendeu-se avaliar a influência do ambiente institucional nas decisões dos gestores das EN latino-americanas, a partir de pressões isomórficas para adaptação exercidas pelo Ranking da América Economia (RAE). Três estudos distintos e interligados foram elaborados. Primeiramente, foi feito um estudo bibliométrico de citação, cocitação e pareamento que buscou compreender a estrutura intelectual e o mainstream da pesquisa das EN. Este estudo forneceu uma base teórica para a continuidade dos demais. Os resultados indicaram, dentre outros, a influência das pressões isomórficas, principalmente coercitivas e miméticas, sobre as decisões dos gestores das EN, ao participarem dos rankings em busca de legitimação para a construção de reputação, e consequentemente, de acesso aos alunos e gestores de Recursos Humanos (RH). A principal referência às pressões isomórficas miméticas, a qual parte de vários trabalhos do estudo bibliométrico, gira em torno da tendência à uniformização dos programas das EN pela imitação das EN líderes. Sendo assim, o segundo estudo verificou os direcionamentos das EN a partir da formação de grupos isomórficos delineados pelo conteúdo programático de seus Master of Business Administration (MBA). O estudo avaliou a co-ocorrência com o uso do software Co-Plot, que é uma variante de escalonamento multidimensional. Os resultados indicaram que existe um grupo que tem um comportamento isomórfico e outros grupos distintos, com programas menores e mais parecidos entre si e programas maiores e mais abrangentes nas suas disciplinas. A melhor compreensão deste comportamento, bem como das fontes de pressão mimética e também coercitiva, auxiliou na orientação para o terceiro estudo. O estudo 3 visou compreender como interagem as pressões isomórficas que afetam as decisões dos gestores das EN participantes do RAE, a partir da sua própria percepção, por meio de uma pesquisa qualitativa, que contou com 19 entrevistas semiestruturadas de profundidade. Os resultados indicam a existência de pressões coercitivas, além das pressões miméticas apresentadas, que são oriundas de uma perspectiva ampla do ambiente institucional. Também indicam que as pressões exercidas pelos rankings e acreditações, apesar de desempenharem funções distintas, são hierárquicas em termos de influência e da orientação da EN em relação ao ranking. As EN que estão no topo do ranking buscam legitimação internacional e manutenção de sua reputação regional, participando de acreditações e outros rankings de maior reputação que o RAE. Já as EN da parte inferior do ranking buscam legitimação e reputação regional ou local e, por isto, são mais influenciadas pela participação no RAE, como ranking único. Ademais, enquanto as acreditações forçam as maiores mudanças e influenciam a qualidade do programa, os rankings têm mais a função de construir uma imagem. Os resultados também indicam que as fontes de pressões miméticas advêm da participação em fóruns de acreditações, associações e outras reuniões, bem como do debate sobre as melhores práticas e do contato com as Instituições de Ensino Superior (IES) de maior reputação no RAE e com outras globais. Tais pressões miméticas também se manifestam de maneira diferente de acordo com os recursos da instituição. Quando a EN, por questões de fundação e reputação, é mais antiga que a IES a que pertence, a pressão de conformidade interna é reduzida ou nula. Por outro lado, quando a IES é mais antiga e deu origem à EN, ou quando a EN faz parte de um grupo internacional, existem pressões de conformidade internas sobre a EN. A pressão dos países de origem pareceu reduzida, visto que os critérios dos rankings e acreditações são usualmente mais rigorosos que os estipulados pelos governos. Esta pesquisa contribui com a literatura da IBV – Institutional-Based View, em especial com a literatura de isomorfismo, visto que as EN estão submetidas a fortes pressões institucionais, discutidas conceitualmente e com potencial para estudos futuros, porém com poucos estudos empíricos. Neste estudo, foram detalhadas as pressões institucionais sofridas pelas EN, que mostram comportamentos distintos em relação às pressões coercitivas e miméticas, indicando a adaptação de estratégias, conforme preconizado por outros autores. O estudo contribui também para compreender as estratégias de alocação dos recursos a partir das pressões institucionais na participação em rankings, bem como, ao final, apresenta a possibilidade de construção de uma agenda futura a partir dos estudos realizados. Os resultados e o modelo sugerido da influência das pressões institucionais sobre as EN possibilitam uma série de insights para os gestores em relação aos riscos e recompensas de participarem no ranking e à possibilidade de escolhas mais efetivas.